Já vou avisando, logo mais, vou contar o final do filme. Esta crítica é essencialmente para aqueles que viram o filme. Mas, para quem ainda não assistiu, vou começar com um aperitivo.
Neste filme Christopher Nolan, Leonardo Dicaprio é Dom Cobb, especialista em roubar segredos dos sonhos das pessoas. Ele recebe proposta para introduzir uma ideia na mente de um grande empresário. Além dos riscos comuns ao universo etéreo dos sonhos, Cobb é perseguido pelas lembranças de sua mulher, que busca frustrar suas missões.
Até perto do final, podemos pensar o filme tanto como um excelente filme de ação/suspense, quanto como uma alusão à manipulação que podemos sofrer. Enquanto o grupo de Cobb arma o ataque à mente de Fisher (personagem de Cillian Murphy), descrevem-se as dificuldades de se inserir uma ideia na cabeça de alguém. É obvio pensar o filme como alegoria da brutalidade das ideologias em nossas vidas.
Para entrar na mente de uma pessoa, é preciso que alguém construa o espaço do sonho, o qual será povoado pelo inconsciente da vítima. É quando Ariadne (Ellen Page) entra no enquadramento como a arquiteta responsável por construir os sonhos. Depois de Cobb apresentar as (im)possibilidades dos sonhos, Ariadne inicialmente se recusa, para logo voltar dizendo que, nos sonhos, a criatividade pura! Seria uma alusão às tentações que a arte pode provocar?
Daí o filme toma a forma de clássicos filmes de assalto: treinamento/planejamento seguido da execução com os devidos imprevistos. Tudo acompanhado de excelentes sequências de ação e cenários de encher os olhos.
Nolan consegue, com a premissa dos sonhos dentro de sonhos, fazer um filme de assalto difícil de imaginar um final e que justifica as cenas de ação. Uma das mais empolgantes é a de Arthur (Joseph Gordon-Levitt), em gravidade zero, tentando reunir os dorminhocos. As lutas enquanto o cenário gira são espetaculares. E um parêntese: Levitt está ótimo, deixando sua marca com uma interpretação contida.
Agora tirem as crianças e os que não assistiram ao filme da sala. Vou contra o final para demonstrar o porquê o filme vale a pena!
Já? Só os maiores e os que já foram ao cinema?!
Cobb é perseguido, em todos os sonhos, pelas lembranças da esposa Mal (Marion Cotillard). Ela quer acabar com suas ações. Ao poucos, vamos descobrindo que ambos foram fundo nos sonhos. Construíram um mundo onde eles teriam vividos 50 anos. Porém, quando acordaram, depois de algumas horas, talvez um dia, Mal caiu em depressão e continuou a pensar que estava em um sonho, e se matou.
Por isso, Cobb se tornou perseguido nos EUA. Mas, ele deseja rever os filhos. A última lembrança é eles de costas brincando no jardim.
Próximo ao final, ele consegue voltar aos Estados Unidos. Já em casa, enquanto aguarda seus filhos, ele roda um peão. Este é seu totem. Os totens são uma referência para a pessoa saber se está sonhando ou não. Sempre quando o gira e ele não cai, Cobb sabe que está dormindo.
A última imagem é do peão rodando. Ele não cai. Logo pensamos: que bomba de filme, ele estava sonhando o tempo todo. Realmente, todas as pistas deixadas ao longo da projeção fazem concluir que Cobb estava dentro de vários sonhos. São como aquelas bonecas russas, uma dentro da outra.
O peão aparentemente não caiu. Nas mãos de um inexperiente, esse detalhe faria tudo desmoronar. Nolan consegue, com esse detalhe, fornecer uma chave para interpretarmos o filme de maneiras não sonhadas durante sua projeção. Já assisti muitos filmes que, perto do fim, joga-se tudo pro alto com uma reviravolta só para garantir um “fecho surpreendente”. Outros gostam de deixar a dúvida se o que vimos foi realidade ou não.
A origem não é como outro filme de ação o filme tem emoção mas da uma raiva no final
bem vou parar de escrever
eu dou ao filme 5 estrelas*****
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